29 de out. de 2009

Afinal, o que é ioga?

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Vou tentar fazer algo muito difícil, que é definir ioga em poucas palavras, dado a amplitude desse sistema cultural filosófico.

Ioga é um dos seis sistemas fundamentais do pensamento indiano, que tem origem nos Vedas, o mais antigo registro da cultura indiana.

Sinteticamente a palavra exprime união, evidenciando a integração do homem em um todo, e isso é feito, basicamente, através da cessação dos turbilhões da mente.

É um sistema simples, porém complexo para o homem contemporâneo e ocidental. É formado por oito preceitos. Esses preceitos são chamados Ashtanga (ashta = oito e anga = passos), que são a base, dispostas em forma de etapas, para se atingir o objetivo capital que é o Samadhi, um estado de paz, a iluminação.

São estes os preceitos:
1) Yamas: consiste em exercitar a não violência; a verdade; a não cobiça; conter excessos e o desapego.
2) Niyamas: procurar viver com pureza; com contentamento; com disciplina; em aprendizado e numa entrega.
3) Asanas: praticar as posturas físicas
4) Pranayama: praticar exercícios respiratórios
5) Pratyahara: buscar abstrair os sentidos externos
6) Dharana: dominar a concentração
7) Dhyana: praticar a meditação
8) Samadhi: resultado da prática dentro dos princípios acima atingindo um estado de paz, iluminação.

No ocidente a ioga é vista exclusivamente dentro do que preconiza o terceiro preceito, “asanas”, que consiste na prática de um dos tipos de ioga, qual seja a hata-ioga.

Os asanas praticados na hata-ioga são apenas a ponta de um enorme iceberg e que pouco efeito tem isoladamente, se comparativo ao sistema como um todo.

Em princípio os asanas têm por objetivo preparar e fortalecer o corpo para a meditação, que é o penúltimo preceito a ser dominado para atingir um estado de paz total.

É importante destacar que não existe ioga sem meditação, pois esta é a essência deste sistema que data cerca de 5000 anos.

Não fosse a ioga algo que merecesse crédito, não teria sobrevivido tanto tempo e atraído a atenção de pessoas de peso na formação do pensamento humano como Jung, Fernando Pessoa, Nietzsche, Schopenhauer e muitos outros.

Tenho um antigo livro de ioga traduzido do inglês pelo Fernando Pessoa, que foi um iogue sem nunca ter feito uma postura (asana), portanto é perfeitamente factível a ioga sem as posturas físicas, que são uma adição relativamente recente ao sistema.


Muito mais há a acrescentar, mas espero que nesta sucinta explanação tenha trazido a essência da ioga e ter contribuído para esclarecimento do assunto tão simples quanto complexo.
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2 comentários:

Unknown disse...

Bastante didático e objetivo o seu texto sobre Ioga.

Ildeu Guimarãres Mendes disse...

Acho que consegui sintetizar bem e desmistificar um pouco o assunto.