2 de dez. de 2009

Santa insanidade!

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Hoje pela manhã, em um telejornal, vi uma notícia sobre pessoas que esperavam há dois dias em uma fila longa e desorganizada, para comprar ingresso para um jogo de futebol.

Além da maioria não conseguir o ingresso, houve pancadaria, agressões de toda natureza. Uma verdadeira baderna.

Do conforto de onde estava observava aquela estupidez buscando uma justificativa para o ato inconsequente daquelas pessoas que enfrentavam adversidade de toda natureza, para comprar um ingresso para assistir a um jogo de futebol.

Sempre questionei a sanidade do ato de “torcer” para algo, como time de futebol, piloto de carro de corrida e qualquer outra coisa que, na realidade, não temos qualquer ligação.

É um ato desvairado onde se concentra energia para o sucesso de alguém que não participa de nossa vida e tão pouco conhecemos pessoalmente e que, na realidade, não nos diz respeito em nada.

Há muito, assistindo a uma entrevista ao músico Lobão, que se apresenta como um porra-louca, ele falou algo que sintetiza bem o que é um “torcedor”, é aquele que “goza com o pau do outro”.

No caso específico do futebol, o torcedor esforça para o sucesso de um sem número de pessoas que nem conhece, como o cartola, o jogador, o técnico, o comentarista, dentre outros. E fazem isso gratuitamente.

Nenhuma dessas pessoas concentra energia ou esforço em prol daquele torcedor, que em sua maioria trabalha de sol a sol, ganha um salário mínimo, paga aluguel, tem uma vida miserável e, mesmo assim, torce, briga, assiste à televisão atraindo patrocinadores, enfrenta fila, apanha, paga ingresso e contorce de todo o jeito para que aqueles desconhecidos, que nem sabem de sua existência gozem. E como gozam!

Esta situação não se aplica apenas ao futebol, mas a todo tipo de torcida insana, como o torcedor político. Torcer não é um ato sensasto, a não ser que seja para nós mesmo, para nossos amigos terem sucesso, para nossos familiares ou para alguém, que mesmo não sendo conhecido, realmente mereça.

Curioso é que eu nunca vi ninguém torcendo para um cientista descobrir a cura de uma doença que apoquenta a humanidade e nem para outras situações semelhantes.

Neste momento lembro de uma frase do pensador indiano Sri Nisargadatta Maharaj que deixo para a reflexão de todos:

“Minha vida é uma sucessão de eventos, exatamente como a sua. Só que eu estou desapegado e vejo o show que passa somente como um show que passa, enquanto você se agarra às coisas e fatos e se move junto com eles.”
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